O trabalho da artista visual Miriane Figueira reúne o projeto Reaproprio-me de mim (anteriormente nomeado como Desapropriam-me de mim), em uma instalação com 6 obras criadas em 2016 através do Prêmio FUNARTE de Fomento aos Artistas e Produtores Negros (2014), e Futuro Subjuntivo, onde foram desenvolvidas 6 novas obras através de edital da Fundação Cultural de Curitiba (2023). Ambos trabalhos têm como matéria prima imagens de mulheres negras, fotografadas nuas no período da diáspora. Miriane ressignifica fotografias presentes na iconografia brasileira. É vestindo, trazendo elementos da cultura afro-brasileira, trazendo novas identidades e as incluindo em cenários de ascensão social, que a artista pensa e ressignifica o presente e o futuro da população preta, parda e indígena.

Em “Futuro subjuntivo”: Miriane Figueira insere as personagens criadas em “Reaproprio-me de mim” em novos cenários, criando “lugares” onde a ascensão social e reparação histórica sejam possíveis.
As obras trazem uma reflexão crítica e poética sobre a iconografia do período da diáspora negra e seus reflexos na contemporaneidade. A artista cria identidades e futuros possíveis para a população negra, pois: “As imagens desempenham um papel crucial na definição e no controle do poder político e social a que têm acesso indivíduos e grupos sociais marginalizados. A natureza profundamente ideológica das imagens determina não só como outras pessoas pensam a nosso respeito, mas como nós pensamos a nosso respeito” (HOOKS, 2019), sendo assim, co-criar de forma afirmativa o imaginário sobre não branquitude é urgente, e neste trabalho, a artista trás a baila questões como: Ascensão social, acesso à educação, trabalho, direito a lazer e moradia.
HOOKS, Bell. Olhares Negros: raça e representação. Editora Elefante, 2019